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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O ar e a borboleta

Hoje , sozinha, no meu jardim vi uma borboleta branca. Fazia tempo que nao via uma borboleta branca de verdade voando. Lama Tsering uma vez me falou que significa transformação, mudança. A borboleta era real, suas asas batiam graciosamente. Eu havia me esquecido de como era bonito o movimento, mesmo sendo tão simples a cena.

Engavetada atrás de computadores de efeitos especiais achava que eu podia me habilitar a ser Deus, dando vida às minha criações, sim pode até ficar parecida, mas não..., falta algo, o movimento não tem a leveza que a borboleta tem na natureza.
Vi ali a verdadeira necessidade da borboleta para com o ar. Ela precisa do ar para poder voar e estão lá os dois, juntos, sem comprometimento algum, apenas estão.

Observando a borboleta branca e o ar percebi que existe ai uma condição de co-dependencia-independente-libertária. Parece-se com o mais puro amor, mas nao falo do amor cobrador, comprador, do amor de troca , bate e volta, do amor vingativo, do amor por obrigação: estes são figurações negativas do amor. Isto é quando se pensa que se ama.

Falo do verdadeiro amor , aquele que vem sem conjunções, nem porquês, aquele que vem só para coexistir num canto da nossa alma, aquele que se aprende primeiro por si e depois se habilita a sentir pelos outros. Falo de um amor qualitativo, nâo quantitativo. Falo de um profundo amor presente, incriado, como um orgão vital dentro do ser humano.
Amar não é viver como automatos,encarcerados, em sangria deslavada se esforçando para se fazer presente ou atender as exigências dos outros, que entendem as mesmas, como sendo uma maneira de amar, de agradar, de sofrer porque tudo não passa de carma. Parece ser tudo tão cheio de condições...isso não é o amor a que me refiro!

A maioria das pessoas não o conhece, não teve contato com ele e muitos passarão a vida sem conhecer: você pode ser cordial, amigo, prestar atenção no outro, curar o outro, remediar suas dores, beijar, sentir, fazer amor, sexo, ser paciente, benevolente, suave, entender, ouvir, acudir,mas nao falo desse amor,esse é apenas uma maneira de se viver humanamente bem em sociedade, seguindo regras práticas e alguns sentimentos,às vezes até engarrafados.

O verdadeiro amor é tão intenso, que um balde de lágrimas de felicidade não exprimem sua dimensão. Nao tem nome, nem símbolo para ele, nem o chamaria de incondicional, e muito mais que isso: Ele se parece ao ar, que nos permite viver e permite a borboleta dar seus pulos no meu jardim.

E ai...descubri uma falha : não posso criar o ar no computador, posso fazer vento, sons de ventanias... mas o ar estático não, esse não posso. É onde Deus ganhou de mim hoje e é onde vejo que tenho muito ainda para aprender sobre criar e amar.

Depois desse insight todo,vi uma borboleta azul, graciosa e pequena e me perguntei : agora faltam borboletas amarelas e laranjas que adoro! Pois bem, meu pedido foi atendido. Elas apareceram e pude analisar o seu vôo,e toda sua graça colorida no meu jardim.

Aprendi com tudo isso que devo cuidar bem do meu jardim para que mais borboletas venham me ver. A borboleta amarela, minha preferida, poderia ficar para sempre por la pois passaria uma vida inteira olhando seus movimentos graciosos e precisos, e nem pensaria em recriar o ar, porque esse é um talento que Deus tem, os meus são outros!

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